terça-feira, 17 de julho de 2012

Para Alice

(Lewis Carrol)

Naquele entardecer dourado
O rio descemos
No barco desequilibrado,
Vão frouxos os remos.
A ternura é de mais... mas cuidado:
A direção é de menos.

Ah! Três cruéis, naquela hora
De sonho que envolvia,
Querendo um conto, mesmo embora
Lhe faltasse magia.
Perante a criança que implora,
O que Homero faria?

Imperiosa, manda a Prima:
"Vamos logo, começa!".
Mais gentil, Secunda opina:
"Sê sem pé nem cabeça!".
Tertia é menos repentina
Mas se mete na peça.

Atentas, então, silenciosas
Ouvem, com delícia,
As aventuras maravilhosas
Da menina fictícia
que fala com bichos ou rosas,
Dando trela à notícia.

E quando, da imaginação,
Chegava o poço ao fim,
Pressentindo minha intensão
De protelar o festim,
"Agora mais, mais tarde não!",
Bradavam para mim.

E assim nossa história crescia
Como cresce uma família:
Um conto de outro surgia
No País da Maravilha.
"Para casa!", que o sol já descia,
P'ra casa aponta a quilha.

Alice, que a fábula conte
teu roteiro gigante
Como um sonho, ou o horizonte
registrado no instante.
Que seja coroada tua fronte
Numa terra distante.

______________
Poema introdutório à obra "Alice no País das Maravilhas". Lewis Carrol escreve sobre a tarde que passara com as três irmãs Liddell, em um passeio de barco a remo no rio Tâmisa e onde inicia sua fantasia que passa a ser, também, nossa fantasia sobre o "País das Maravilhas".


Uma obra, para olhos puros, de cunho infantil. Para uma visão mais profunda, um caráter maduro nem tanto inocente.
Para quem leu a obra e se encantou, vale a pena recordar... Para quem não a degustou, nunca é tarde pra sonhar!

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