domingo, 14 de outubro de 2012

Resenha #21 As Crônicas de Nárnia - O sobrinho do Mago (C.S.Lewis)


"O Leão andava de um lado para o outro na terra nua, cantando a nova canção. Era mais suave e ritmada do que a canção com a qual convocara as estrelas e o sol; uma canção doce, sussurrante. À medida que caminhava e cantava, o vale ia ficando verde capim. O capim se espalhava desde onde estava o Leão, como uma força, e subia pelas encostas dos pequenos montes como uma onda. Em poucos minutos deslizava pelas vertentes mais baixas das montanhas distantes, suavizando cada vez mais aquele mundo novo. Podia-se ouvir a brisa encrespando a relva." (p. 59)

As crônicas de Nárnia é uma série composta de sete livros.
A princípio, Lewis havia escrito O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, porém tamanho foi o sucesso e o talento, que escreveu outros seis livros que ficaram conhecidos como As crônicas de Nárnia. 
Repleto de seres fantásticos, em mundo irreal, o livro entrou para o cânone da literatura mundial...

Em O sobrinho do Mago conhecemos a história da criação de Nárnia.
As páginas prendem o leitor de modo que se você não lê o capítulo seguinte, fica a se roer de curiosidade...
É possível rir do começo ao fim... É fantástico! É maravilhoso! É Nárnia!

Digory e Polly são dois amigos loucos por uma aventura... Adentram em uma casa abandonada. O que eles descobrem na verdade, é um túnel que vai dar direto num sótão, que mais parece uma sala de estar, de tão arrumado. Digory morava com o tio que era metido a feiticeiro, mas que de mago só tinha fama. Sua mãe estava muito doente e precisava de cuidados especiais. 

Eles veem em cima de uma mesa, em uma bandeja anéis amarelos e verdes. Quando aparece o tio de Digory e percebem que estão justamente em sua casa. O mago acreditava ter criado um anel que levava a um mundo paralelo. O fato é que ainda não o tinha testado e viu a oportunidade perfeita para o fazer sem sofrer danos físicos...

Tio André (o Mago) ofereceu um anel a Polly... A menina queria o verde, porém ele disse que não. Ele daria era o amarelo. Conseguiu a convencer a tocar o anel, e nesse momento:

"Era tarde demais. Polly já tinha pegado um anel. E imediatamente, sem barulho, sem um clarão, sem nenhum aviso, já não existia Polly. Digory e tio André estavam agora sozinhos na sala." (p. 16)

O menino vai ao encontro de Polly também com um anel. Ao abrir os olhos levou um susto. Tudo estava tão calmo. Parecei estar em cima de uma poça d'água. Era um bosque muito tranquilo. Acreditavam que, se o anel amarelo os fazia chegar ao bosque, talvez o verde os fizesse voltar para casa... E assim procederam tentando voltar, pulando nas poças d'água com os anéis... 

"Não pôde haver dúvida sobre a magia dessa vez. Lá se foram eles aos trambolhões, primeiramente através da escuridão e, depois, através de um turbilhão de formas em movimento, formas que podiam ser quase tudo que se pode imaginar. Foi ficando mais claro. de repente sentiram que estavam em cima de algo sólido." (p. 29)

O livro é encantador. Claro que não vou descrever as cenas. Vocês têm que ler.
A curiosidade sempre nos pega. Digory e Polly encontraram um mundo diferente. Vasculharam e encontraram um encantamento escrito em uma bela pedra:

"Ousado aventureiro, decida de uma vez:
Faça o sino vibrar e aguarde o perigo
Ou acabe louco de tanto pensar:
'Se eu tivesse tocado o que teria acontecido?'"

É claro que Digory não se aguentou e o sino tocou... Na reviravolta conheceram a Feiticeira...
Após alguns diálogos e ameaças da mulher, os meninos tentam voltar para casa com seus anéis. Conseguem. Porém a Feiticeira também...

Aqui, na Terra, Feiticeira conhece Tio André, que acredita ser um grande Mago de nosso mundo. Ele, mais uma vez, vê uma possibilidade de enriquecer ás custas da poderosa mulher, que o trata com todo o desprezo. Ela causa uma grande confusão na cidade...

Na loucura das cenas seguintes um grupo de pessoas viaja para o outro mundo com Polly e Digory: Tio André, a Feiticeira, um cavalo e seu cocheiro, e um pedaço de ferro, arrancado pela feiticeira...

Eles chegam em um mundo estranho e têm o privilégio de assistir a criação de Nárnia...
Várias aventuras acontecem e todos percebem que estão em uma terra mágica. Em uma discussão, a Feiticeira joga o pedaço de ferro, que viera da Terra, com toda a força, ao longe. O ferro, ao cravar no solo, torna-se um lampião (que todos conhecem do livro O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, ou melhor, do filme, já sempre os conhecemos primeiro).

Digory e Polly conhecem Aslan, o Leão de Nárnia. Digory tenta encontrar a cura para a doença de sua mãe. Há uma batalha contra a Feiticeira e seus poderes malignos... 
Os meninos conseguem, finalmente, depois de muito tempo em Nárnia, voltar para casa. Percebem que não se passara sequer um segundo após sua partida, aqui, em nosso mundo.

Digory consegue a cura para a sua mãe através de uma maçã, que trouxe de Nárnia. Sua mãe fica saudável novamente. O menino pega o que sobrou da maçã e planta no quintal. Uma árvore nasce. Não dá frutos milagrosos como em Nárnia, mas frutos muito saborosos. Os melhores da Europa. Mas a magia estava nela guardada. 

Em Nárnia, o poste que a Feiticeira, sem querer o plantou, brilhava noite e dia. Muitos anos depois seria o ponto de orientação de uma menininha que por lá passaria e encontraria um fauno. 

Anos mais tarde, a madeira da árvore de Digory tornar-se-ia um lindo Guarda-roupa... mas isso, é uma outra história... Digory nunca descobriu as propriedades mágicas dessa madeira, outra pessoa, sim.

"Polly e Digory continuaram grandes amigos e encontravam-se quase todas as férias na casa de campo. [...]
Em Nárnia, os bichos viveram em grande tranquilidade: a Feiticeira não apareceu para perturbar a paz, nem nenhum outro inimigo, durante centenas de anos. [...]
 Tio André nunca mais na vida se meteu em feitiçarias. Tinha aprendido sua lição. Com o correr dos anos, passou a ser mais simpático e menos egoísta. [...] 
Foi esse o começo de todas as idas e vindas entre Nárnia e o nosso mundo, que estão contadas em outros livros." (p. 97-98)

Com certeza, As Crônicas de Nárnia, será um livro para que eu ler junto com meus filhos...




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CLIVE STAPLES LEWIS, conhecido como Jack pelos amigos, nasceu na Irlanda, em 1898.
Lewis e seu amigo J.R.R. Tolkien, autor da trilogia O Senhor dos Anéis, faziam parte do Inklings, em um clube informal de escritores que se reuniam num pub local para discutir ideias para as histórias. A fascinação de Lewis por contos de fadas, mitos e lendas antigas, justamente com a inspiração trazida da infância, levaram-no a escrever O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, um dos livros mais apreciados de todos os tempos. Seis outros livros vieram depois e resultaram no popular As Crônicas de Nárnia. A crônica final da série, A última batalha, recebeu a Carnegie Medal, uma das mais altas marcas de excelência da literatura.

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