sábado, 10 de novembro de 2012

Resenha #26 - Breve História da Padaria Espiritual (Sânzio de Azevedo)

Boa tarde, galera!

Vocês devem ter estranhado o nosso sumiço, mas como vocês sabem, vida de universitário não é nada fácil! Nós três (Giulliane, Terezinha e Sabrina) estamos vivendo o pesadelo de todo universitário... o temido TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) #medo. rsrs... Sem falar que semana passada foi a XII Semana de Letras da UVA então, tivemos que ficar um pouco ausentes do blog. Sorry! ;)

Bom, mas vamos ao que interessa... Para quem  não sabe, nesse mês de novembro está acontecendo a X Bienal Internacional do Livro do Ceará, em Fortaleza (quero muuito ir!), trazendo como tema: "Padaria Espiritual - O Pão do Espírito para o Mundo" e tendo como um dos homenageados o grande escritor cearense Sânzio de Azevedo, que tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em um evento literário da faculdade. 

Pensando nisso, nada mais digno que falar do mesmo e de sua obra que relata um pouco desse movimento artístico que neste ano celebra seus 120 anos. 



I - Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da Terra da Luz, antigo Siará Grande, uma sociedade de rapazes de Letras e Artes denominada - Padaria Espiritual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em particular e aos povos em geral. (p. 19)

Breve História da Padaria Espiritual, como o próprio nome já diz, é um livro que traz um pouco deste movimento artístico e literário, ocorrido em Fortaleza, no final do século XIX, idealizado no Café Java, o ponto de encontro de intelectuais que falavam de literatura. A partir de então, os mesmos criaram um grêmio e passaram a pensar em uma nova literatura, trazendo para a mesma humor, criticidade e ousadia.

Foi através do jornal O Pão (surgido em 10 de julho de 1892) que os "padeiros" publicavam suas "fornadas literárias" expondo suas idéias modernistas, criticando tudo que fosse tradicional. Tais ações muito provocaram e alarmaram a sociedade da época, e a fama também correu para outros estados. 

Um dos grandes nomes (padeiros) desse grupo foi Antônio Sales, autor do livro Aves de Arribação (publicado em 1903), conhecido pelo nome de guerra, Moacir Jurema. Junto com os demais, criaram artigos do chamado Programa de Instalação da Padaria Espiritual que passaram a  circular por Fortaleza. Os tons originais e humorísticos desses artísticos podem ser observados a seguir:

XII - Será dada a alcunha de - medonho - a todo sujeito que atentar publicamente contra o bom senso e o bom gosto artísticos. (p. 27)
XL - A Padaria desejaria muito criar aulas noturnas para a infância desvalida; mas como não tem tempo para isso, trabalhará por tornar obrigatória a instrução pública primária. (p. 33) 
XLVI - O Padeiro que, por infelicidade, tiver um vizinho que aprenda clarinete, pistom ou qualquer instrumento irritante, dará parte disto à Padaria, que trabalhará para pôr fim a semelhante suplício. (p. 34)

Assim, os padeiros trabalhavam, misturando suas idéias revolucionárias, a vida boêmia e toques humorísticos, perturbando a paz da burguesia e do clero. Foi um movimento que despertou agrados, mas também desagrados. A última sessão das atividades da Padaria Espiritual se deu no dia 20 de dezembro de 1898.

Sânzio de Azevedo descreve de modo claro e simples, fazendo registros biográficos de cada componente e notas bibliográficas precisos, expondo fotografias e esclarecendo esses artigos do programa de instalação que muito foram criticados.

Então, fica a dica de leitura deste maravilhoso livro, como também de sua contribuição para a Literatura Cearense.

Até a próxima!

Sabrina Sousa 

Rafael Sânzio de Azevedo nasceu em Fortaleza, no dia 11 de fevereiro de 1938. Tendo-se iniciado em jornais da terra natal, publicou seus primeiros livros em São Paulo. De volta ao Ceará, licenciou-se em em Letras e foi por mais de trinta anos professor de literatura na UFC, onde ingressou em 1973, ao mesmo tempo que era eleito para a Cadeira nº 1 da Academia Cearense de Letras, cujo patrono é Adolfo Caminha. Doutor em Letras pela UFRJ teve, como orientador acadêmico, Afrânio Coutinho.
  
 

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