sábado, 2 de fevereiro de 2013

Resenha #37 - Lira dos Vinte Anos (Álvares de Azevedo)

E aí, pessoal? Como vão?
Janeiro já se findou. O tempo passa tão rápido... Bom, hoje trago a vocês a resenha de um clássico da Literatura Brasileira, do autor Álvares de Azevedo. Vamos à nossa primeira resenha de fevereiro, então:



Vinte anos! Como tens doirados sonhos!
E como a névoa de falaz ventura
Que se estende nos olhos do poeta
Doira a amante de nova formosura.
(Tarde de Outono, p. 64)

Álvares de Azevedo foi um escritor que pertenceu à 2ª fase do Romantismo Brasileiro, também chamada fase Ultra-Romântica, onde muitos de seus escritores, jovens poetas, morriam precocemente e, muitas vezes, em decorrência de suas desilusões amorosas, do pessimismo e desgosto em relação à vida. A doença era uma grande companheira que, aliada às tristezas da alma, dava fim à vida do poeta. É também a fase onde o subjetivismo e o sentimentalismo eram os temas principais e onde os autores se espelhavam na figura de Lord Byron, escritor inglês.

Acredita-se que Lira dos Vinte Anos seja a obra mais conhecida de Álvares de Azevedo. O livro é dividido em 3 partes que apresentam poemas que trazem diversos temas. De início, o autor faz uma dedicatória à sua mãe e em seguida, seus poemas trazem à tona o amor juvenil, as grandes paixões. A mulher é tida como a donzela venerada, a quem o eu-lírico expressa todo o seu sentimento e a convida para contemplar a natureza para ambos se amarem.

E as noites belas de luar e a febre
Da vida juvenil...
E este amor que sonhei, que só me alenta
No teu colo infantil! 
(Vida, p. 55) 

O poeta adota uma postura de trovador e se propõe a cantar sobre o amor. Sua inspiração vem da mulher amada que muitas vezes está distante, mas que nunca lhe corresponde, ou mesmo é alguém que não existe. Outras vezes, ele chora de saudades por alguém que habita em seus sonhos e alucinações. Há versos regados de musicalidade e que expressam a jovialidade dos "amantes" (aqui, a correspondência  com a lira - instrumento musical que acompanhava os poetas no recitar de seus versos):

Nossos lábios atrai a um bem divino:
Da amante o beijo é puro como as flores
E dela a voz é doce como um hino.
(Tarde de Outono, p. 64)

...............

Guarda contigo a viola
Onde teus olhos cantei...
E suspirei!
Só a ideia me consola
Que morro como vivi...
Morro por ti!
(O pastor moribundo, p. 59)

O "mal do século," característica marcante nas obras dos escritores dessa época, era o anseio pela morte. O eu-lírico não encontra uma esperança terrena. Sua realidade não o satisfaz. A morte é uma ameaça que está sempre às portas. O eu-lírico apresenta-se como um ingênuo amargurado, depressivo e perdido em devaneios, frustrado por suas fantasias não poderem ser realizadas; a mulher amada e muito cantada em seus versos, vista como algo inatingível; e a auto-depreciação.

Por ela tanto chorei
Que mancebo morrerei...
Adeus, amores, adeus!
(Tarde de Outono, p. 64)

...............

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi
E às primaveras disse adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!
(Saudades, p. 66)

Faz um bom tempo que desejava ler este livro e gostei bastante. Uma leitura regada de sensualidade, paixão, mas com um misto de tristeza, melancolia e dor. Recomendo a todos!

Até a próxima!

Sabrina Sousa


Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo, no dia 12 de setembro de 1831 e faleceu no Rio de Janeiro, a 25 de abril de 1852. Foi um escritor da segunda geração romântica. Também era contista, poeta, dramaturgo. Assim também como Lira dos Vinte AnosNoite na Taverna é um dos seus livros mais conhecidos. 


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